Resenha - Tudo aquilo que você não soube

Livro: Tudo aquilo que você não soube
Autora: Fernanda Young
Editora: Ediouro editora
Páginas: 134 páginas
Nota: ★★★★

Sinopse: Alguém que comete um ato monstruoso é necessariamente um monstro? Início da década de 1980, a era dos yuppies e da geração new wave. Uma personagem principal, sem nome, disposta a contar tudo que o pai, à beira da morte, não sabia sobre a vida dela. Até os seus piores pecados.

Sempre tive muita curiosidade de ler alguma obra da Fernanda Young, pois sempre li e escutei críticas ótimas perante suas obras. E tudo o que eu ouvi e li estava certo, uma obra impar que retrata muito bem a nossa realidade.

O livro é narrado por uma mulher que não é identificada, beirando aos 40 anos que resolve escrever um livro para o seu pai moribundo, tudo o que viveu em sua vida as ausências de pai e mãe em seu crescimento.

É uma obra visceral, ela narra todas as omissões que sofreu em crescimento, uma mãe que nunca a viu como uma filha e um pai ausente que nem mesmo quando sua família foi caso de polícia, se interessou por sua única filha.

E é impossível não fazermos uma analogia do que vemos hoje em dia, quantas famílias conhecemos que negligenciam os próprios filhos? E em outros casos usam os filhos para se ter algum lucro, seja da forma pior que for.

“Portanto, retomando do princípio, que não me parece tão distante, mesmo tendo se passado tanto
tempo: eu com 10 anos de idade. Achando que lança-perfume era a coisa mais perigosa do mundo, pois
tinha visto uma moça cheirando um lenço, no réveillon, e aquilo me deixara altamente impressionada;
diria até amedrontada. Lá em casa, entorpecentes eram bolinhas que se jogavam nas bebidas dos outros,
levando qualquer um a matar a própria mãe. A ideia de poder me tornar uma viciada assassina por meio
de um lenço era assustadora. Foi quando caiu em minhas mãos o livro Eu, Christiane F., 13 anos, drogada
e prostituída. Uma leitura com prós e contras, pedagogicamente falando....”

Uma obra para ser lida em etapas, pois é uma leitura pesada, é como se fosse um diário e todo o sentimento reprimido e até mesmo confissões são feitas durante esse processo. E o acerto de conta entre o pai e a filha é durante a madrugada e foi uma das partes mais fortes. Teremos a redenção do pai e da filha? Não vou contar, vocês precisam ler. Mas lembre-se estamos tratando de pessoas que nunca amaram seus filhos e de filhos que nunca tiveram pais de verdade e foram marginalizados e esquecidos.  

E você, tá lendo?



Comentários

  1. Pelo que li na sua resenha já ficou bem claro que esse livro se trata de algo que nem muitos aguentariam ler, até porque como você mesma disse, é algo que vemos no mundo real e que faz parte da vida de muitas famílias. Infelizmente já acabei fazendo amigos que não se entendiam com seus pais e acabavam fugindo de casa. É um assunto bem delicado e esse tipo de livro pode acabar servindo de gatilho para muitas pessoas. Porém, é bem melhor para todes nós sabermos como é a realidade e, também, a realidade das outras pessoas.

    Bjs, Shuu.

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  2. Olá!!

    Parece ser uma obra bem intensa mesmo e fiquei imaginando o quanto deve ser emocionante esse momento entre pai e filha. Tenho curiosidade de ler esse!

    bjs
    Fe

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  3. Também sempre tive curiosidade com as obras da Fernanda Young, acredito que sejam todas interessantes e que valham a pena a leitura. As confissões da filha seriam uma forma de punir o pai? Acho que sim, o farir psicológico se faz presente na trama.

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  4. Também tenho curiosidade de ler algo da Fernanda Young porque também sempre ouvi elogios. Não conhecia esse livro do post e fiquei bem interessada. Parece uma ótima leitura, daquelas que faz a gente pensar e repensar as coisas.

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    Respostas
    1. Oi Juliana
      Exatamente, a leitura nos obriga a pensar e repensar...
      Abraços

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  5. Já li dois livros de Fernanda e gosto do estilo dela. Um deles me ajudou na pesquisa que estava a fazer para um de meus romances, lá no distante ano de 2012 (parece que foi ontem que li o 'efeito urano').
    Esse livro dela eu ainda não li, mas já tinha ouvido uma colega falar dele, principalmente com relação a conturbada relação entre pai e filha com o qual ela se identificou bastante. Não está na minha lista de espera não, tenho outro "estragos". Mas nesse janeiro eu estou a ler Borges, Jane Austen (de novo) e Angela Becerra.
    bacio

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  6. Olá, resenha instigante. Esse tipo de assunto gera tumulto principalmente na mente de quem passa ou passou por algo similar e o fato de cada um ter seu próprio "jeito certo" de lidar com questões tão pesadas pode confundir os sentimentos, principalmente quando nos colocamos no lugar de algum dos personagens, coisa sempre difícil de não fazer quando a obra vem de autores talentosos. Eu vejo esse tipo de leitura como um "banco de dados", ajuda a entender o estrago que faz não cuidar de um trauma e quase que nos obriga a ser atentos a questões tão sérias.

    Abraços :)

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