Resenha Cartas para Martim

 

Livro: Cartas para Martin

Autor: Nic Stone

Editora: Intrínseca 

Páginas: 256

Uma das minhas leituras do mês de fevereiro, foi também leitura coletiva e quem organizou foi a Cláudia do blog Mãe Literatura.


Aqui vamos conhecer Justyce, um adolescente cheios de sonhos... Um dos melhores aluno do colégio, com bons amigos, uma mãe presente enfim, tudo para o sucesso...Entrar em uma ótima universidade, sonho de qualquer adolescente...

Sonhos esses  que muitas vezes poderão ser frustrados pelo simples fato de ser negro!

Justyce estava ajudando a namorada, quando um policial "achou" que ele estava assaltando ou estuprando a namorada e sem perguntar nada, simplesmente algema e o leva preso. Simples assim!!! Sem perguntas. Se fosse um "cara branco" isso não teria acontecido, e nós sabemos que embora o livro seja fictício, essas cenas acontecem muitas vezes ai na cidade, estado, país em que você vive.

Descobri que  podemos  chamar essa cena de profiling, quando a policia age com base no perfil que considera criminoso e tornou-se popular na década de 60 pela policia federal americana. No caso, o perfil aqui era de um adolescente negro...Isso acontece logo no inicio da leitura, e já fiquei com muita raiva e olha só piora...

Jus ficará traumatizado!!! Como uma forma de desabafar e acredito tentar se reestruturar ele começa a escrever cartas para Martin Luther King Jr. E lendo essas cartas vamos conhecer verdadeiramente Justyce, seus sentimentos, seus medos, sua revolta...



"Pode até não haver mais bebedouros separados para as pessoas de "cor", e racismo hoje em dia é crime, mas, se eu ainda posso ser forçado a sentar no chão de concreto com algemas apertando meus pulsos mesmo sem ter feito nada errado, é obvio que temos um problema." Página 21

Vamos acompanhar Jus na escola e "participar" do seu grupo de debate. Conheceremos um professor maravilhoso, responsável pelo grupo que mediante um acontecimento na cidade, irão debater sobre o racismo...  

O debate começa com a seguinte frase:

"Todos os homens são criados iguais" Pág. 31

Gente, perfeito!!! Embora poderia ter sido mais explorado (mas aí o livro teria mais umas cem páginas), autora mostrará os dois lados da moeda.... Adolescentes brancos e negros, privilegiados pelo sistema, condenados por sua cor, debatem sobre o racismo...Sério, era como se eu estivesse ali participando do debate, me senti acuada, como muitas vezes Jus se sentiu, sem coragem de abrir a a boca, com nojo, com vergonha de fazer parte daquele grupo, que não o representa, que não me representa...

O livro é um tapa na cara, em nenhum momento a autora ameniza a situação, pelo contrário, ela trás a realidade nua e crua e não é fácil, é angustiante, mas, é o que acontece todos os livros...

Um livro que vai abordar sobre o racismo sem fantasia, um livro que deveria ser adotado pelas escolas! Debatido, explorado... 

E você Tá Lendo?


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